No ano de 2022, foram muitas as palavras que chegaram à nuvem do Dicionário Priberam, de tanto serem pesquisadas a propósito de um determinado acontecimento, mas a invasão russa da Ucrânia ditou a mais pesquisada: “oligarca”.
Das palavras que flutuaram na nuvem do Dicionário Priberam este ano, foram selecionadas 24 que se encontram no website https://oanoempalavras.pt, fruto de uma colaboração entre a Priberam e a Agência Lusa, que ajudou a ilustrar cada uma das palavras com uma foto e com uma notícia do evento que suscitou a pesquisa.
Ao longo do ano foi inevitável encontrar, com destaque, buscas por palavras relativas à guerra na Ucrânia – como “desmilitarização” ou “genocídio” – ou a momentos importantes da política nacional e internacional, como no caso de “maioria absoluta”, “politização” ou “polarização”. Também não faltaram as buscas em momentos de acidentes ou desastres, como “fajã”, “monções”,“grisu” ou “intempérie”, nem de algumas celebrações, como “jubileu” e “bicentenário”.
Com duas palavras selecionadas para cada mês, o website permite este ano, e pela primeira vez, que os seus visitantes votem nas suas palavras e imagens preferidas, bastando para tal clicar no ícone do “coração” que está em cada uma delas.
O Ano Em [24] Palavras
O website https://oanoempalavras.pt resulta de uma parceria com a Lusa que se repete este ano pela sexta vez, apresentando um total de 24 palavras, escolhidas, em termos de relevância, a partir de mais de uma centena que, devido ao elevado número de pesquisas diárias, ganharam destaque na nuvem do Dicionário Priberam ao longo de 2022.
Tal como nos anos anteriores, o site integra conteúdos dos repórteres fotográficos e dos jornalistas da Lusa, que dão contexto a cada uma das palavras, e está estruturado por ordem cronológica. Em cada palavra, é possível aceder diretamente ao seu significado no Dicionário Priberam, bem como ao artigo da agência Lusa sobre o evento que motivou as pesquisas.
A diretora de Informação da Lusa, Luísa Meireles, comentou a propósito: “As palavras com que, anualmente, soletramos os meses que decorreram são, no fim de contas, a cara do nosso ano coletivo. Houve uma maioria absoluta em janeiro, o medo da estagflação em março, as festas a que nos juntámos do jubileu de uma rainha em maio, a monarca que se finou em setembro, enquanto observámos as atribuladas exéquias do mais duradouro presidente do espaço lusófono em julho. Polarização houve no ano inteiro, se bem pensarmos, mas destacámo-la em novembro, no rescaldo das eleições brasileiras, quando Lula, o presidente eleito visitou Portugal. Faltou-nos o Qatar em dezembro".
O CEO da Priberam, Carlos Amaral, comentou por seu lado que “mais do que qualquer termo isolado, O Ano Em Palavras ajuda a compreender o que foram os 12 meses anteriores, definidos pelos eventos que mais marcaram os milhões de utilizadores do nosso dicionário e ilustrados, com imagens e palavras, pelos repórteres fotográficos e jornalistas da Agência Lusa, que nos acompanha neste projeto pelo sexto ano consecutivo”.
Eis as 24 palavras que definiram o ano de 2022:
Janeiro:
ENDÉMICO – Segundo a Agência Europeia de Medicamentos, o vírus da covid-19 está a caminho de se tornar endémico na União Europeia.
MAIORIA ABSOLUTA – Legislativas: PS alcança a sua segunda maioria absoluta e Costa pode ser 10 anos primeiro-ministro.
Fevereiro:
DESMILITARIZAÇÃO – Vladimir Putin diz que a invasão russa da Ucrânia tem por objetivo a desmilitarização e a desnazificação do país.
OLIGARCA – Reino Unido impõe sanções a oligarcas e bancos russos..
Março:
ESTAGFLAÇÃO – A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, não vê sinais de estagflação no horizonte.
FAJÃ – Atividade sísmica na ilha de São Jorge dificulta o acesso a algumas fajãs.
Abril:
GENOCÍDIO – Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, acusa a Rússia de cometer genocídio.
DOGMA – José Ramos-Horta, novo presidente timorense, diz que dissolução do parlamento, defendida pelo partido de Xanana Gusmão que apoiou a sua candidatura, não é dogma.
Maio:
JUBILEU – Rainha Isabel II celebra jubileu de platina.
VARÍOLA – Direção-Geral da Saúde confirma novos casos de varíola dos macacos (monkeypox) em Portugal.
Junho:
INCUMPRIMENTO – Rússia entra em incumprimento de pagamento de dívida pela 1.ª vez em 100 anos.
MADRAGOA – O bairro da Madragoa vence as Marchas Populares de Lisboa.
Julho:
ANOS-LUZ – Primeiras imagens coloridas do telescópio James Webb incluem as de uma nebulosa brilhante a cerca de 7.600 anos-luz da Terra.
EXÉQUIAS – Morre o antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos; família e representantes do Estado angolano negoceiam exéquias.
Agosto:
MONÇÕES – Inundações no Paquistão, causadas pelas chuvas das monções, deixam quase mil mortos e 30 milhões de pessoas atingidas.
POLITIZAÇÃO – UNITA lamenta politização e tratamento dado aos restos mortais de Eduardo dos Santos na trasladação para Luanda.
Setembro:
MONARCA – Morte da monarca inglesa, Isabel II, aos 96 anos.
BICENTENÁRIO – Marcelo Rebelo de Sousa participa nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil.
Outubro:
REPRESSÃO – Mais de uma centena de mortos na repressão de protestos no Irão, após a morte de uma mulher detida pela polícia da moralidade.
GRISU – Explosão em mina de carvão na Turquia, por possível acumulação de grisu, provoca vários mortos.
Novembro:
POLARIZAÇÃO – Eleições presidenciais no Brasil geram polarização política.
PREVARICAÇÃO – Ministério Público acusa Miguel Alves, antigo presidente da Câmara de Caminha e ex-secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, de prevaricação.
Dezembro:
HAT TRICK – Portugal chegou aos quartos do mundial de futebol do Qatar com uma goleada e um hat trick (mas não foi mais além).
INTEMPÉRIE – Intempérie afeta Área Metropolitana de Lisboa.
Outras buscas que se destacaram em 2022 foram também hecatombe (eleições legislativas em Portugal), desnazificar, sanções, pária, capitulação, dissuasão, lei marcial (ainda a guerra da Ucrânia), afasia (do ator Bruce Willis), sindemia (da covid-19), multifacetado (morte do humorista Jô Soares), perdão (pedido pelos bispos portugueses às vítimas de abusos dentro da Igreja Católica), catari, dobradinha, recopa ou tomba-gigantes (do futebol nacional e internacional).
Mais informações em https://oanoempalavras.pt/ e https://dicionario.priberam.
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