A nova linha de smartphones Xperia apresenta uma ruptura com o passado, abandonando o design que marcou os últimos anos da marca japonesa. Curiosamente - ou não - a Sony não se deixou seduzir pelas tendências que têm vindo a marcar o mercado mobile, como a insistência na espessura reduzida (penalizando a autonomia), ou os ecrãs com notches.
O Xperia 10
O corpo deste Xperia 10 facilmente se diferencia de outros smartphones, apresentando uma espessura pouco usual nos tempos que correm. A forma arredondada do corpo em metal transmite uma sensação de robustez, sem contudo penalizar o conforto. Se há coisa que se pode dizer neste Xperia 10, é que é muito confortável em utilização.
O posicionamento dos botões é disso exemplo, com o polegar a deslizar entre os botões de volume e power de uma forma perfeitamente natural. Sempre que necessário, basta fazer uma curta paragem no sensor de impressão digital que marca presença na lateral do equipamento.
A traseira é simplista, com a dupla câmara traseira envolta num aro metálico a marcar presença na parte superior do corpo. Os logótipos da Sony, Xperia e NFC, completam o conjunto, fazendo desta um exemplo de como um design simples pode ser extremamente bem conseguido em termos estéticos.
A frente apresenta margens laterais e inferior com cerca de 3mm, valor um pouco acima do que é habitual nos smartphones que temos no mercado. A zona superior tem uma margem de grandes dimensões onde podemos encontrar uma coluna para as chamadas de voz, câmara frontal e os diferentes sensores.
Em cima, uma cada vez mais rara ficha de 3.5mm para os headphones e um microfone.
Na parte inferior, duas grelhas para saída de som ladeiam a porta USB-C.
Em termos de hardware, o Xperia 10 apresenta um dos seus grandes pecados. O processador Snapdragon 630 da Qualcomm já não consegue disfarçar o peso da idade, comprometendo o desempenho do smartphone sempre que o utilizador recorre a uma utilização mais intensiva.
Os 3GB de memória RAM são por norma suficiente para uma utilização sem grandes preocupações, mas no caso deste Xperia 10, uma deficiente gestão neste campo faz com que o smartphone vá ficando mais lento com o passar dos dias. O Android tem uma gestão própria dos recursos, mas as diferentes marcas podem optar por implementar um sistema diferente por forma a disponibilizar uma utilização mais de acordo com as suas pretensões. A Sony terá que rever os parâmetros utilizados neste Xperia 10, pois não é aceitável que o nível de desempenho baixe de forma tão significativa.
Esta situação pode ser a razão para a Sony recomendar que se reinicie o smartphone de tempos em tempos, algo que está longe de fazer parte das recomendações da Google para uma utilização regular do Android. Caso não se queiram dar a este trabalho, basta fechar todas as aplicações a correr em segundo plano e ficam com o smartphone "como novo".
O armazenamento está ao nível do que se exige a um gama média, com os 64GB a apresentarem velocidades de leitura e escrita bastante interessantes. Se há ligeiros atrasos na resposta do equipamento, estes não se devem ao armazenamento, mas sim, como já vimos, à gestão de memória e ao processador utilizado pela Sony.
A bateria, com 2870mAh poderá considerar-se algo curta, mas este facto é contrabalançado pelo sistema de carregamento rápido Quick Charge 3.0 até 18W.
No que diz respeito às câmaras, a Sony aposta num conjunto duplo na traseira, como 13 e 5MP, com abertura f/2.0 e f/2.4, respectivamente. A câmara frontal é de 8MP com uma abertura f/2.0.
Em utilização
O corpo esguio permite segurar o smartphone com apenas uma mão, se bem que há que ter em conta a extensão do ecrã, com os conteúdos a prolongarem-se mais do que é habitual. Em termos de conforto em utilização, o facto de ser mais longo que o habitual, acaba por não ter qualquer impacto.
A apresentação de conteúdos depende de aplicação para aplicação, havendo casos quem que a as app não retiram total partido da área disponível, ficando o ecrã com as célebres barras negras. As cores fortes e vibrantes, serão por certo do agrado de quem gosta de ver séries e filmes no smartphone, com o ecrã com resolução de 1080 x 2520 a permitir uma agradável visualização dos conteúdos.
O desempenho, como já referido, nem sempre está ao nível do esperado para um smartphone de gama média. O processador, já com dois anos de mercado, tem dificuldade em responder em algumas situações, nomeadamente na parte gráfica, com a imagem a ter alguns soluços. Para contornar esta situação poderão activar as opções de developer no menu de definições, e de seguida desactivar as animações na interface. Outro aspecto a ter em conta está relacionado com as apps a correr em segundo plano, havendo que as fechar com alguma regularidade para manter o nível de resposta do equipamento.
O sensor de impressões digitais na lateral é preciso, mas obriga a um posicionamento do dedo que acaba por não ser o mais confortável. O tempo de resposta também não está ao nível dos melhores sensores, com o smartphone a demorar um pouco mais que o desejável a fazer a leitura.
A interface não apresenta grandes modificações, estando em linha com aquilo que a Google apresenta nos Pixel. O Side Sense, na lateral do smartphone, é das poucas alterações que a Sony apresenta. Esta aplicação está disponível na lateral do smartphone e é acessível através de gestos.
Por omissão, um duplo toque abre o menu das aplicações mais utilizadas e alguns atalhos rápidos.
Um gesto de deslizar para cima dá acesso ao modo de ecrã divido, no sentido inverso volta ao ecrã anterior. Estes gestos, caso assim pretendam, podem dar origem a outras acções (ou não fazer nada):
- Voltar ao ecrã principal
- Abrir o painel de notificações
- Activar o modo de operação com uma mão
- Abrir a ultima app
- Abrir o gestor de apps em segundo plano
O bloatware que vêm de origem pode ser desinstalado pelo utilizador, pelo que se não pretenderem utilizar aplicações como é o caso do antivirus AVG podem proceder à sua desinstalação.
No que diz respeito a actualizações, este smartphone Sony está ainda sem Android 10 e com os patch de segurança a demorarem muito mais que o esperado. O Xperia 10 esteve com um patch de Agosto até há bem pouco tempo, tendo nos últimos dias recebido um update com o patch de Novembro. A actualização para o Android 10 está garantida, mas ainda sem data concreta para chegar.
As câmaras
Tendo em conta que estamos na presença de um gama média, as expectativas não poderiam ser demasiado altas. No campo da fotografia o Xperia 10 não compromete, bastando para tal que se encontrem num local bem iluminado.
A interface da câmara tem várias opções disponíveis, dando a possibilidade ao utilizador de experimentar diferentes cenários de forma automatizada ou, se assim se preferir, manualmente.
Apreciação final
Longe de os tempos de fulgor, a Sony vai-se reorganizando internamente ao mesmo tempo que procura voltar a garantir a escolha dos consumidores. Para isso vai apostando em produtos que apresentam uma imagem forte, mantendo alguns dos elementos que sempre caracterizaram os smartphones da marca japonesa.
O design é claramente diferenciador com a espessura do corpo único a dar uma sensação de robustez ao conjunto, não tendo ao mesmo tempo qualquer impacto negativo em termos de conforto em utilização. O nível de acabamentos é exemplar, com a junção do metal e video de forma harmoniosa e sem anéis de protecção visíveis.
O desempenho acaba por ficar aquém do esperado, sobretudo devido ao processador e GPU, algo que não seria de esperar num equipamento no segmento de preço em que este Xperia 10 se insere. Para uma utilização sem lugar a grandes atrasos é necessário fazer uma gestão manual das apps a correr em segundo plano, algo também indesekável num smartphone a correr Android 9 Pie.
Se apreciam o design e nível de acabamentos e caso as limitações acima descritas não sejam preocupantes, quando encontrado na casa dos 250€ este Xperia 10 poderá ser um equipamento a ter em conta. Se não for esse o caso, o melhor será optarem por outro smartphone.
Sony Xperia 10
Morno
O Sony Xperia 10 é um smartphone interessante, que padece no entanto de algumas opções menos conseguidas, as quais acabam por penalizar determinantemente o valor global do produto. É um smartphone que acaba por estar em linha com o período mais conturbado que a Sony Mobile tem vindo a atravessar, não conseguindo destacar-se de forma decisiva dos seus concorrentes directos.
Prós
- Qualidade de construção
- Conforto em utilização
Contras
- Processador ultrapassado
- Gestão de apps em segundo plano
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