Um novo estudo sobre a exposição a ecrãs entre crianças e adolescentes confirma as suspeitas de que há uma dependência cada vez maior nos smartphones - e que o YouTube é um dos seus destinos preferidos.
A Common Sense Media revelou a actualização sobre o seu estudo sobre a exposição aos ecrãs dos mais novos, e os resultados - embora referentes ao jovens nos EUA - falam por si, podendo servir de indicadores também para muitos países europeus.
Para começar, entre os jovens dos 8 aos 12, temos uma exposição aos ecrãs de 4h44m por dia. Já no caso dos adolescentes dos 13 aos 18 anos, esse valor sobe para umas incríveis 7h22m - e ter em conta que, embora isto contabilize tempo à frente de um smartphone, computador ou televisor, não contabiliza o tempo que é passado na escola ou em casa a fazer tarefas para a escola (o "trabalho de casa").
Mas curiosamente, estes são valores que se têm mantido estáveis desde o último estudo em 2015. A maior diferença acontece no tipo de uso que é feito. Em ambos os escalões etários, duplicou o número de jovens que vê videos online todos os dias: de 24% para 56% nos mais novos, e de 34% para 69% nos adolescentes, com o YouTube a ser a plataforma que mais proveito tira disto, num efeito que é atribuído ao seu modelo viciante de vídeos sugeridos e com auto-play. O segundo maior gastador de tempo são os jogos, e com uma participação extremamente reduzida (2%) destinada a coisas como actividades criativas, leitura, ou falar com amigos.
Também duplicou o número de jovens, em ambos os casos, que dizem utilizar um computador diariamente para os trabalhos da escola. E, igualmente esclarecedor, são as alterações a nível da idade para ter um smartphone.
De 2015 para 2019, o número de crianças de 12 anos com smartphones passou de 41% para 69%. No caso das crianças com 8 anos, o aumento foi dos 11% para os 19% (praticamente o dobro). E se pensam que os resultados são muito desfasados do que se passa por cá, ainda há poucas semanas tive que lidar com uma reunião de escola, com uma professora do 1º ciclo a esforçar-se por usar palavras "bonitas" para pedir a alguns pais que não deixassem seus filhos levar smartphones para a escola (ou no mínimo, que os educassem para não os utilizarem dentro da sala de aula) - e estamos a falar de crianças com 6 anos!
Neste aspecto, considero que serão cada vez mais importante as ferramentas que nos permitem contabilizar o tempo que passamos com os smartphones. Hoje em dia assusto-me ao ver médias de 3 horas diárias de uso no relatório semanal do Screen Time dado pelo iOS - mas considerando que isso já foi uma grande vitória, face às 4 horas que eram indicadas inicialmente. Sem este relatório, provavelmente não me teria sentido na necessidade de "cortar" na utilização do smartphone; e isso é algo que será imprescindível passar também para os mais novos, desde cedo, para que tenham a consciência e a educação de poderem detectar e corrigir os seus próprios excessos - sem que isso tenha que ser feito exclusivamente por controlos impostos pelos pais.
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