Numa altura em que se aguarda a apresentação oficial do Galaxy S10, smartphone em que a Samsung deposita grandes expectativas, aproveitamos a oportunidade para analisar o Note 9, o phablet topo de gama da marca Sul-Coreana.
O Galaxy Note é um modelo inspirado no Galaxy S, mas que recorre à S Pen para privilegiar uma forma mais diversificada de interagir com o smartphone. O Galaxy Note 9 apresenta um processador Snapdragon 845 ou Exynos 9810 (sendo este o disponível no nosso mercado), ecrã Super AMOLED de 6.4" com resolução 2960x1440, bateria de 4000mAh, 6/8GB de RAM e 128GB ou uns imponentes 512GB para armazenamento, que com o suporte para cartões microSD de 512GB, pode chegar ao 1TB de espaço num smartphone.
A câmara dupla traseira de 12MP é igual à do Galaxy S9+, mas passa a contar com um sistema de reconhecimento automático (de 20 cenas) que optimiza as fotos em função das condições ambientes. A câmara frontal fica-se pelos 8MP, não vendo a Samsung necessidade de entrar numa corrida aos MPs para esta câmara.
A S-Pen com Bluetooth é o grande destaque, podendo actuar como controlo remoto para controlar apresentações, tirar fotografias e naturalmente, escrever ou desenhar sobre o ecrã do smartphone. Conta com carregamento via super-condensador, pelo que basta deixá-la inserida no Note 9 durante 40 segundos, para obter 30 minutos de autonomia! Tem também uma ponta mais fina, capaz de detectar 4096 níveis de pressão, o que permite mais precisão no traço.
O Galaxy Note 9
O corpo em metal serve de berço para receber o ecrã frontal e o vidro traseiro, design de resto já utilizado pela marca em outros dos seus smartphones. O resultado final é de grande qualidade, com o Galaxy Note 9 a apresentar um nível superior de acabamentos.
Curiosamente, não tinha esta ideia, pois todos os breves contactos que tinha tido até ao momento com o Galaxy S9, ou mesmo com este Galaxy Note 9 aquando da IFA, não foram nada positivos. O smartphone dava a ideia que tinha uma traseira de plástico, de muito fraca qualidade. Com este equipamento de teste, comprovou-se que afinal era apenas uma impressão causada pela falta de tempo para o apreciar melhor.
Embora o ecrã não ocupe a totalidade da frente do smartphone, as margens inferior e superior são bastante reduzidas e as laterais, graças à curvatura do ecrã, são quase que invisíveis à vista. A margem superior não apresenta um notch e ainda bem, pois a área é ocupada pela coluna de som, câmara, led de notificações e sensores, com destaque para o sensor de Íris. A ter um notch, seria uma enorme "dentada" no ecrã, pelo que se saúda esta opção da Samsung.
Na traseira, temos uma dupla câmara num arranjo horizontal, bem mais conseguido do que o apresentado no Galaxy S9. O sensor de impressão digital apresenta-se colocado por baixo do bloco das câmaras, o que acaba por ser uma posição confortável para a sua utilização.
Na zona inferior, a cada vez mais rara ficha de 3.5mm para headphoones, a porta USB-C, um microfone, saída de som e S Pen.
Em cima, mais um microfone e o adaptador para instalação dos cartões, sendo que se utilizarem dois cartões SIM não poderão expandir o armazenamento com um cartão microSD.
Do lado direito, apenas o botão de power.
Do lado oposto, os botões de volume e por baixo destes, um botão para chamar a Bixby, o assistente pessoal da Samsung. Este posicionamento, para quem não seja um fã da marca Sul-Coreana, acaba por ser algo frustrante, pois o utilizador pode ser levado a tocar no botão da Bixby quando pretende ligar o smartphone. Não sendo algo simpático, penso que ao fim de algum tempo de habituação deixará de ser um problema.
Em utilização
Quando testámos o Galaxy Note 9, este ainda se apresentava a correr Android 8 Oreo, algo que nesta altura já não se verifica. A Samsung "já" disponibilizou a actualização para o mais recente Android 9 Pie. Este update chega mais tarde do que o desejado, mas desta vez a Samsung tem uma atenuante, pois vem acompanhada da sua nova interface, a One UI.
Com o alongar dos ecrãs, torna-se cada vez mais complicado utilizar o smartphone com apenas uma mão. Para contornar esta limitação, a Samsung reinventou a sua interface, adaptando-a de forma a que a grande maioria das opções fique acessível mesmo quando se usa apenas uma mão.
Se esta opção poderá ter a sua utilidade, o mesmo já não se poderá dizer da Bixby. Compreende-se a opção da Samsung, ao tentar potenciar a utilização do seu assistente, mas numa altura em que o Google Assistant e a Alexa se apresentam como opções incontornáveis, a tarefa da Samsung está cada vez mais difícil. A Microsoft optou por outra via, talvez seja esta a opção a ter em conta pela Samsung, não querendo fazer da Bixby uma alternativa, mas sim um complemento dos assistentes pessoais.
O bloatware, que tantas vezes foi alvo de críticas, apresenta-se agora como uma opção. O utilizador tem a possibilidade de dispensar uma séries de aplicações opcionais sugeridas, algo que naturalmente se saúda.
O desbloqueio por reconhecimento facial funciona bastante bem, acabando por ser uma excelente alternativa ao sensor de impressões digitais. O utilizador fica com dois sistemas complementares, podendo optar por aquele que mais lhe convier.
Os teclados físicos deram lugar aos digitais (salvo honrosas excepções) e o "stylus" que outrora dominou o mundo do Windows Mobile é hoje em dia um elemento dispensável - mas que continua a poder ser de grande utilidade para várias situações. Nesta nova versão, a S Pen funciona por bluetooth, permitindo tirar fotografias, passar slides e até mesmo configurar comandos específicos. O carregamento é feito no smartphone, bastando 40 segundos encaixada para garantir 30 minutos de utilização.
A curva de aprendizagem pode ser demasiado exigente, mas quem opta por este modelo sabe à partida aquilo que pretende, pelo que rapidamente estará a tirar partido da versatilidade que a S Pen possibilita.
O Edges Panel é mais um das alterações que a Samsung apresenta, face ao Android de origem. Este painel lateral pode ser preenchido com vários separadores, cada um deles com a sua função/tema, servindo de atalho rápido para funções e operações mais frequentes.
Aplicações, contactos, clipboard, lembretes, ferramentas de sistemas, são algumas das opções que estão à disposição do utilizador. Desta forma, passamos a contar com uma área que disponibiliza um acesso rápido a algumas das funções mais utilizadas no smartphone. A utilidade é questionável, mas só utiliza quem quer, pelo que a opção fica a cargo de cada um.
Em termos de desempenho, o Galaxy Note 9 não desilude. O processador, memória RAM e o armazenamento estão à altura do que se espera de um topo de gama, não havendo lugar a atrasos. Tudo se processa de forma fluída, o que contribui decisivamente para uma experiência de utilização muito agradável.
O processo de carregamento está longe de ser rápido, com a bateria a demorar duas horas e alguns minutos a carregar. A autonomia por seu turno, tem um comportamento bem mais interessante, com o Note 9 a permitir muitas horas de utilização, sem que exista a preocupação do carregamento.
O ecrã continua ao nível do melhor que se pode encontrar no mercado mobile, sendo uma referência em termos de qualidade de imagem. A luz solar não é um problema, com o Note 9 a poder ser utilizado mesmo em locais onde a luz esteja a incidir directamente no ecrã.
A qualidade do ecrã acaba no entanto por sair algo prejudicada, muito devido à atracção pelas dedadas, com o ecrã a ficar uma autentica lástima, ao fim de alguns minutos. Uma passagem no bolso das calças ou do casaco resolve parte do problema, mas um topo de gama não deveria apresentar este tipo de problema.
Câmara
A interface da aplicação da câmara é bastante simples e prática de utilizar, com duas zonas principais de actuação. À esquerda, os modos de fotografia (Panorama, Pro, Live Focus, Auto, Super Slow-Mo, AR Emoji e Hyperlapse), com o modo Pro em grande destaque. Uma palavra para os Emojis, que pelo menos numa fase inicial, serão capazes de captar a atenção dos consumidores. À direita, um bloco com 3 sectores: Bixby Vision e zoom, definições, ecrã completo, flash, filtros e rotação da câmara, ficando mais à direita, vídeo, botão de disparo e acesso à galeria de imagens.
Os smartphones da Samsung notabilizaram-se pela qualidade fotográfica, mas nos últimos anos, a marca Sul-Coreana tem tido dificuldade em acompanhar o desempenho das suas concorrentes. Não que a qualidade das imagens não seja muito boa, apenas não é a melhor do mercado.
No caso do Note 9 temos mais um exemplo desta situação, com as câmaras a serem capazes de providenciar imagens de grande qualidade. A maior diferença está nas fotografias obtidas em ambientes com pouca luz, com os sensores utilizados no Note 9 a ficarem um pouco atrás dos resultados obtidos por outros smartphones, sobretudo por puxar muito pelos brancos, o que acaba por distorcer as cores nas imagens.
Apreciação final
A série Galaxy Note desde há muito que conquistou uma legião de fãs no mundo mobile. O poder de processamento do Galaxy S, aliado à versatilidade que o "estilete" oferece, faz do Galaxy Note 9 um dos mais completos smartphones actualmente disponíveis no mercado. O hardware está ao nível do que se exige a um topo de gama, possibilitando uma experiência de utilização exemplar. A bateria oferece uma autonomia estendida, o que permite usufruir durante largas horas do ecrã, o qual continua a ser uma referência em termos de qualidade de imagem. As câmaras podem já não dominar o segmento mobile, mas continuam a captar imagens de grande qualidade, onde só os ambientes com muito pouca luz poderão dar origem a fotografias com alguma perda de detalhe.
O Galaxy Note já se consegue encontrar no mercado por valores entre os 700 e 800 euros, o que faz deste smartphone uma proposta ainda mais interessante, sendo por isso merecedor da nossa mais elevada classificação, o muito desejado "Escaldante".
Prós
- Qualidade de construção
- Desempenho
- Versatilidade oferecida pela S Pen
Contras
- Distorção de cores em ambientes pouco iluminados
- Ausência de tratamento anti-dedadas
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