29/06/2018

29/06/2018

Análise ao Motorola Moto G6


A Motorola está oficialmente de volta ao nosso país e neste seu regresso ao mercado nacional, apresenta-se com aqueles que têm sido os seus grandes trunfos no segmento mobile, o Moto G e Moto E.

Foi precisamente este Moto G, que teve o condão de revolucionar o mercado, levando à criação do segmento de gama média. As restantes marcas demoraram a apresentar as suas propostas, o que permitiu à Motorola manter a liderança da gama média, que só viria ser discutida dois anos mais tarde, aquando do lançamento do Moto G3. Foi precisamente nesta altura, que a Motorola voltou a não ter representação oficial em Portugal, tendo os consumidores que recorrer a lojas da especialidade, para adquirir os smartphones da marca.

Estamos em 2018 e o mítico Moto G já vai na sua sexta versão, será que continua a dominar o mercado? É precisamente isso que vamos avaliar nesta análise.



O Moto G6




Os tempos são outros e o design e materiais utilizados no Moto G6 reflectem isso mesmo. A Motorola, agora sobre os comandos da Lenovo, mostra estar atenta às novas tendências (goste-se ou não das mesmas...) e aposta num smartphone de fino recorte, de onde se estaca a traseira em vidro com protecção Gorilla Glass 3. O vidro apresenta uma curvatura nas laterais, que lhe permite um casamento harmonioso com o bloco de metal, que dá estrutura ao smartphone.



A traseira é dominada pela área circular que rodeia as câmaras, imagem de marca dos smartphones da Motorola. Não estando em causa o seu aspecto estético, acaba por ser um factor negativo, pois é a zona de contacto, quando poisamos o smartphone. No caso deste Moto G6, temos uma dupla câmara traseira e um flash sobre as mesmas. Um pouco mais a baixo, o logótipo da Motorola e na zona inferior um microfone extra, para cancelamento de ruído.

É um smartphone inegavelmente muito bonito, mas incapaz de resistir às dedadas, muito menos a uma inesperada queda, pelo que a utilizaç
ao de uma capa é altamente recomendável. Esta última também vai resolver a questão da saliência que o smartphone apresenta na zona das câmaras, sendo mais um ponto a favor da utilização desta protecção. Tendo em conta o meu historial, foi precisamente o que fiz desde o momento que o tirei da caixa, para análise.



Na frente, em cima, o flash frontal, sempre útil para as selfies nocturnas, coluna de som e a câmara frontal. De referir, que esta é a única coluna disponível, sendo utilizada tanto para chamadas, como para reprodução do som de jogos e conteúdos multimédia.

Ainda na frente, mas em baixo, um microfone e o sensor de impressão digital, bastante delgado, o que pode obrigar a um período inicial de habituação, para se perceber qual a melhor forma para colocar o dedo sobre o mesmo.


À direita, os botões de volume e power, em cima o slot para os cartões e um microfone e em baixo, o jack de 3,5mm e uma porta USB tipo C.


O slot para os cartões, tem a particularidade de permitir a instalação em simultâneo de dois cartões SIM e um cartão microSD, algo que não é muito comum ver-se hoje em dia num smartphone.


Em termos de hardware, este Moto G6 apresenta um processador Snapdragon 450, um Octa-core a 1.8 GHz, com GPU Adreno 506, 3GB de RAM e 32GB para armazenamento, expansível através de um cartão microSD, ecrã de 5,7" com 424ppp e 1080 x 2160 pixels, numa relação 18:9. A bateria tem 3000mAh e suporta carregamento rápido. As câmaras traseiras têm 12 MP (f/1.8) + 5 MP (f/2.2), a frontal 8MP  (f/2.2). De referir ainda a presença de rádio FM e NFC e ausência de suporte para WiFI ac.


Software



Este Moto G6 segue uma linha há muito definida pela Motorola, um Android (8.0 Oreo) sem grandes modificações, ao que se junta um conjunto de software, que nesta altura talvez comece a pecar por excessivo.



A aplicação Moto é o centro nevrálgico de todas as funcionalidades que a marca disponibiliza nos seus equipamentos Android. Está dividida em duas secções: sugestões e funcionalidades.

A primeira, tem como objectivo informar o cliente sobre a melhor forma para tirar partido das inúmeras opções que são colocadas ao seu dispor. Para esse efeito, a Motorola disponibiliza um conjunto de imagens, acompanhadas de texto, que explicam o funcionamento de cada funcionalidade. De salientar, que o menu de notificações também é utilizado pela marca para informar o utilizador sobre a existência destas opções, facto que será por certo útil para todos aqueles que estão menos familiarizados com os smartphones da Motorola.



 No separador das funcionalidades, encontramos 4 opções:

  • Moto Key - para gestão de passwords
  • Moto Actions - controlo do smartphone através de gestos
  • Moto Display - opções "extra" para configuração do ecrã
  • Moto Voice - o assistente da Motorola


As Moto Actions acabam por ser a opção mais interessante, fruto do leque de possibilidades que apresenta, Este conjunto de ferramentas disponibilizado pela Motorola, tem como intuito facilitar/melhorar a experiência de utilização do smartphone. Encontramos, entre outras, a captura do ecrã com o deslizar de três dedos sobre o mesmo, a diminuição da área para apresentação da imagem, para facilitar o controlo com apenas um mão e o virar do ecrã para baixo, por forma a silenciar as notificações.




 O sensor de impressão digital, colocado na frente do equipamento, permite outro tipo de utilizações que não possíveis (ou práticas), quando colocado na traseira do smartphone. Para quem goste de navegar através de gestos, a Motorola disponibiliza o "One Button Nav".

Utilizando o sensor de impressão digital, o utilizador pode voltar ao ecrã principal, voltar atrás, abrir as aplicações recentes, bloquear o ecrã e chamar o Google Assistant. É um sistema de controlo interessante, mas que obriga a alguma habituação, sobretudo na pressão que é necessário efectuar no sensor, para obter a funcionalidade pretendida. Nada que um dia ou dois de prática não resolvam com facilidade.



Em utilização



Os benchmarks estão longe de surpreender, mas esse também não é o objectivo da Motorola, ao apostar no Snapdragon 450, um irmão próximo do Snapdragon 625, se bem que com uma redução na velocidade de funcionamento do cores A53 (1.8GHz vs 2.0GHz no 625) e no processador de imagem, algo mais limitado. Quem pretender um desempenho extra na gama média-baixa, deverá olhar para o Moto G6 Plus, que apresenta um Snapdragon 630.

O A1 SD Bench decidiu não cooperar. O estranho é que resolveu fazê-lo nos 5 smartphones que estou a testar. Procurei perceber porque é que o valor da escrita não passava para o relatório final, mas ainda não consegui descobrir a razão para esta anomalia. Assim sendo, ficamos apenas com os resultados do AndroBench, que registou 237MB/s em leitura e 118MB/s em escrita (sequencial).

Estes resultados estão em linha com o esperado para este hardware, sendo garante de uma experiência de utilização sem compromissos, não havendo lugar a paragens ou soluços. Ficam contudo algo a dever, face a outras ofertas existentes no mesmo segmento de mercado.

Neste campo, uma palavra ainda para o ecrã, com os 424 pixels por polegada a permitirem uma imagem muito nítida, o que contribui decisivamente para uma experiência de utilização muito agradável.


O Moto G6 apresenta um sistema de carregamento rápido, denominado TurboPower, capaz de permitir a carga do equipamento até 15W. O carregador de origem disponibiliza três relações de carregamento, 5C/3A, 9V/1,6A e 12V/1,2A. Na imagem em cima, temos o Moto G6 a ser carregado a 4,79V/2,78A, através da porta power delivery de um carregador Anker.

A câmara



O software da câmara aparece muito bem apetrechado, com opções para todos os gostos. A interface é simples e clara, com uma fila de ícones à esquerda ( modo automático/manual, fotografias activas, temporizador, flash e modo HDR. À direita, três ícones, para acesso ao vídeo, fotografia e modos de fotografia/vídeo:

  • retrato, imagens com o fundo desfocado
  • recorte, para substituir o fundo da imagem
  • destaque de uma cor
  • panorama
  • scan de texto
  • face filters - "caras engraçadas"
  • câmara lenta
  • timelapse




Para quem goste de fazer umas brincadeiras com os amigos, os face filters podem dar origem a fotografias engraçadas, para partilharem nas redes sociais.



A inteligência artificial está na ordem do dia, sendo por isso alvo de atenção por todas as marcas. A Motorola não foge a esta regra e apresenta uma funcionalidade que promete reconhecer objectos e edifícios que estejam a fotografar, oferecendo informações com apenas um click (no ícone apresentado na primeira imagem em cima). No caso em questão, a smart camera detectou uma flor com pétalas lilás, que era efectivamente o que estava a ser fotografado.


 Nos outros testes que efectuei, esta câmara acabou por se revelar menos inteligente, não sendo capaz de identificar o logótipo de outra marca. Segundo o que consegui apurar, a detecção de objectos não apresenta a mesma eficácia que a fotografia de monumentos, pelo que o melhor será utilizarem esta funcionalidade apenas para estes últimos.



A câmara já contava com suporte (beta) para o Google Lens, mas a última actualização trouxe a versão final desta funcionalidade, que também serve para identificar o que está na imagem, sendo capaz de reconhecer texto e objectos. Para tira-teimas , o Google Lens não teve dúvidas na identificação do logótipo. ;)


O sistema de focagem automático não é dos mais rápidos, mas compensa com o facto de ser eficaz, pelo menos na grande maioria das vezes. Quando não o for, têm sempre o modo manual como alternativa, que foi precisamente o que fiz quando tentava fotografar a flor lilás apresentada na imagem em cima.


Em ambientes bem iluminados, a dupla câmara traseira consegue bons resultados, mas o modo automático tem tendência para iluminar em demasia o fundo, pelo que por vezes terão de ajustar a manualmente a exposição. À noite, a qualidade da fotografia baixa substancialmente, com a imagem a apresentar falta de detalhe, mal se faça zoom na imagem.

Apreciação final


A Motorola está oficialmente de volta a Porugal e regressa em grande, com um excelente produto para atacar o mercado, no segmento de preço entre os 200 e os 300€. É certo que este Moto G6 (249€) não vai ter a vida facilitada, pois os tempos são outros e ao contrário do que aconteceu com o Moto G e Moto G2, há outros excelentes produtos, no mesmo segmento de preço.

Contudo, este Moto G6 tem argumentos para se bater com os seus rivais directos. Apresenta o desempenho equilibrado, que sempre caracterizou a série Moto G, acrescentando-lhe um rol de funcionalidades extra, que normalmente só estávamos habituados a ver nos equipamentos topo de gama. Este valor acrescentado do software, acaba por compensar as limitações do hardware, quando comparado com outras ofertas disponíveis no mercado.

A dupla câmara traseira é capaz de proporcionar bons resultados e pese embora a smart camera fiquem aquém do esperado. Espera-se no entanto, que uma actualização de software, possa melhorar a detecção de objectos.

É por isso merecedor de um prestigiado quente.




Moto G6



Prós
  • Qualidade de construção
  • Funcionalidades "extra"


Contras
  • Câmara pouco smart






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