Mark Zuckerberg publicou recentemente um manifesto com as intenções do Facebook para o futuro, e há quem alerte para os perigos das "boas intenções", quando se fala de monopólios e dos seus responsáveis, que não têm que dar satisfações a ninguém.
A leitura destas críticas ao Facebook é longa mas extremamente interessante, pelo que recomendo que o façam, e passa por pontos que eu próprio já referir por diversas vezes, nomeadamente na questão do equilíbrio entre produtores, distribuidores, e consumidores.
Noutros tempos, quem produzia poderia ter a última palavra sobre como os seus produtos seriam vendidos; posteriormente evoluiu-se para um mercado onde o distribuidor e a sua capacidade de fazer chegar os produtos aos consumidores é que ganhou a posição dominante; e actualmente, enquanto empresas como a Apple e Amazon tentam fazer "tudo" e eliminar a dependência de serviços externos, serviços como o Facebook tornam-se na bússola que tem o potencial de influenciar milhares de milhões de pessoas.
Para além da impressionante quantidade de coisas que o Facebook sabe sobre cada utilizador, o Facebook sabe também de que forma todo e cada utilizador reage a notícias, sites, fotos, etc. É o tipo de poder com que muitos ditadores apenas poderiam sonhar, e que todos os utilizadores entregam de boa vontade, gratuitamente, a uma empresa privada. Embora existam limites quanto aos abusos que o Facebook pudesse fazer (antes dos utilizadores se decidirem a encerrar a conta e mudarem para outro lado), há muitas coisas que o Facebook poderia fazer de forma praticamente imperceptível, e que poderiam ter efeitos práticos bem notórios no mundo real: promover um produto, uma pessoa, uma votação...
Também não nos dará confiança que estas "redes sociais" que tanto dependeram da entre-ajuda para crescerem, agora tudo façam para que nenhum concorrente lhes possa "roubar" os seus utilizadores, esquecendo-se do pequeno pormenor de que os dados dos utilizadores - incluindo a sua rede de amigos - é algo que lhes deveria pertencer, e terem o direito de os poderem transferir para outra rede.
Enquanto utilizadores e cidadãos do mundo, importará estar alerta e informado... e saber que por trás de todos os serviços gratuitos que usamos na internet, está um preço a pagar, mais cedo ou mais tarde.
Publicado originalmente no AadM
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