A chegada do novo e melhorado Android 6.0 Marshmallow vem também revelar um dos maiores problemas da plataforma Android, que neste momento é utilizado por mais de mil milhões de pessoas por todo o mundo: o facto de que a grande maioria delas não irá ver este novo Android chegar aos seus dispositivos, e poderá permanecer os próximos anos com equipamentos com vulnerabilidades que nunca serão corrigidas.
Longe vão os tempos em que os telemóveis se compravam e duravam anos, sem queixumes de que estavam a ficar lentos ou de que não faziam certas coisas - faziam chamadas, era o que interessava! Nessa altura, o que se pedia dos fabricantes era que o próximo telemóvel fosse mais pequeno e/ou tivesse maior autonomia, e eles assim faziam, surpreendendo-nos a cada ano com telemóveis mais pequenos e com autonomias que chegavam a atingir as várias semanas.
É certo que já se ia avançando para os smartphones, com a Nokia e o seu Symbian (e até os seus mini tablets, como o N770), mas depois lá chegou um tal de iPhone, recebido com arrogância por empresas como a Nokia e a Microsoft, e... todos sabem como é que isso terminou. Enquanto uns se recusaram a ver as mudanças, o Android apressou-se a adaptar-se a este novo mundo, e numa questão de poucos anos conseguiu reinventar-se e tornar-se no líder de vendas, que nesta fase vai bem encaminhado para vir a superar até os computadores com Windows. Mas há alguns aspectos que terão que ser revistos para impedir que esta evolução vá deixando para trás uma legião de utilizadores descontentes - e a principal será a questão das actualizações.
O Android 6.0 chegou, e neste momento encontra-se disponível apenas para um mão cheia de dispositivos (os Nexus do Google), e com a promessa de alguns fabricantes de que, eventualmente, lá o farão chegar a alguns dos seus smartphones. Não são referidas datas, e muitos nem sequer se comprometem que essa actualização chegue. Aliás, temos casos flagrantes, como a Motorola, que parece querer deixar de fora o Moto E de 2015 - um smartphone que ainda está a ser vendido neste momento, e que segundo as "regras", deveria ter um suporte oficial durante um período mínimo de 18 meses.
Há quem diga que é tempo dos fabricantes serem chamados à responsabilidade, e de se comprometerem com uma política de suporte e actualizações sem demagogias - isto, se quiserem manter a confiança dos utilizadores... pois facilmente se percebe o efeito que terá alguém descobrir que o smartphone "de marca" que comprou, não vir a receber qualquer actualização para o mais recente e apetecível Android. Isso seria algo que ainda se poderia esperar de uma marca "chinesa", que nos faz chegar um smartphone equivalente (ou melhor) a metade do preço de um de marca; mas será também uma questão de tempo até que estas marcas também comecem a ter que se preocupar com estas questões.
Mas por agora é simples: cumpram com o prometido, de actualizações feitas em tempo útil durante 18 meses após o lançamento dos diferentes modelos - e se acharem que não é possível fazerem-no, o remédio é fácil: reduzam o número de modelos de modo a que possam dar o suporte adequado aos que vendem.
Publicado originalmente no AadM
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